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Water Production Connections

Cartão postal do campo: Uma proliferação de palmeiras

Por Cassie Sevigny

palmeiras crescem em uma pastagem, com a floresta ao fundo
Crédito da foto: Cassie Sevigny

O projeto Conexões entre Água e Produção Rural (CAP) investiga se e quais agricultores adaptam seus sistemas de produção quando experimentam variabilidade hídrica, quais adaptações eles fazem e se essas adaptações reduzem as perdas de renda quando ocorrem secas. A melhor compreensão desses feedbacks informará os esforços das agências governamentais e da sociedade civil para ajudar os agricultores a responder à escassez de água. Eu acompanhei a economista Katrina Mullan ao Brasil enquanto fazia meu mestrado em Economia.


Uma das coisas que me surpreendeu e maravilhou no Brasil foi a grande variedade de palmeiras e seus usos. Um exemplo, o babaçu, é muito importante para os locais: as fibras, óleos e outras partes são usadas para farinha, remédios e produtos para a pele, e os indígenas usam as folhagens para suas casas. Muitas outras palmeiras compartilham esses usos, pois folhas frondosas, troncos e frutos fibrosos e sementes oleosas são características comuns.


As palmeiras crescem de forma tão abundante no estado de Rondônia que surgem em todas as pastagens que já foram desmatadas. Enquanto fornecem sombra para o gado, alguns fazendeiros as consideram plantas daninhas porque são difíceis de limpar para expandir o pasto. Mas as plantas que crescem em um lugar podem lhe dizer sobre as características da terra.

Duas mãos abertas segurando nozes de palma
Kassia oferece nozes de buriti (direita). Crédito da foto: Cassie Sevigny

Kassia Freire, uma agricultora local, mostrou-nos um buriti crescendo no pasto. Como a maioria das palmeiras, a fruta se desenvolve em cachos alongados e pendentes sob as folhas. A chamada “árvore da vida” só vive perto da água. O apelido tem dois significados. “Árvore da vida” ou “árvore que emite água” é a tradução de mbiriti, do tupi-guarani, uma referência às condições ambientais úmidas preferidas da árvore1. Mas indicar ou servir como fonte de água não é a única contribuição do buriti para a manutenção da vida. A versatilidade de seus componentes o torna útil como alimento rico em vitamina A, corante, ingredientes de produtos para a pele, remédios e materiais de construção. E os humanos não são os únicos que amam as doces frutas! Kassia apontou frutas caídas mordiscadas por araras, que haviam raspado a escamosa e avermelhada casca para revelar o interior amarelo e maduro. Ela também apontou nozes viscosas do babaçu, que se parecem com minúsculos cocos, finos e pontiagudos no final. As vacas gostam da polpa do babaçu, e dava para ver os restos da fartura que se comia naquele pasto!


Aprender sobre os muitos usos de todas as partes das palmeiras me lembrou da inspiradora engenhosidade humana para a sobrevivência. O fato de os agricultores considerarem as persistentes palmeiras como "plantas daninhas" também é indicativo da relação muitas vezes arbitrária e inconstante dos humanos com a natureza. As palmeiras são como o dente-de-leão da pecuária brasileira - outrora valorizada por sua robustez e utilidade, agora desprezada por crescer onde a grama é desejada.


Um longo cacho de nozes de babaçu pendurado em uma palmeira
Babassu. Crédito da foto: Cassie Sevigny


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