Pesquisadora por Brenna Swinger; revisado por Corrie Monteverde; traduzido por Mariana Vedoveto
Resultados principais
Produtores em Rondônia, Brasil, operam sob estratégias de especialização e diversificação das fontes de renda
Resultados para a amostra deste estudo não estão alinhados com a literatura geral sobre nível escolar e disposição a riscos: pessoas com nível educacional mais baixo estão menos dispostas a assumir riscos
Produtores rurais completamente especializados estão menos dispostos a correr riscos
Produtores com baixo nível de diversificação de renda estão mais dispostos a correr riscos
O projeto Conexões entre Água e Produção Rural (CAP) procura entender se produtores rurais adaptam seus sistemas de produção quando passam por mudanças no regime de chuvas, quais técnicas de adaptação adotam, e se essas adaptações reduzem impactos na renda, o que é esperado quando ocorre variação na quantidade e frequência de chuvas. Um melhor entendimento dessas questões ajudará agências governamentais e sociedade civil a formularem ações que auxiliem produtores no processo de adaptação às mudanças na disponibilidade de água. Especificamente, esse artigo explora as principais características e diferenças entre estratégias de produção rural e demais ações que pequenos produtores localizados em assentamentos rurais em Rondônia têm adotado para lidar com os riscos associados à escassez de água.
Produtores rurais podem adotar medidas de diversificação ou especialização agropecuária. Diversificação se refere à produção de mais de um produto para aumentar as fontes de renda, enquanto especialização significa focar na atividade que se espera obter a maior renda possível. Para medir o nível de diversificação entre os produtores desse projeto, Brenna usou o Índice de Diversificação de Simpson (IDS). Esse índice varia entre 0 e 1, onde 0 representa especialização completa e 1 representa infinito número de atividades. As famílias do projeto contam com 30 fontes potenciais de renda: 23 variedades de culturas agrícolas, leite, gado, outros animais, peixes, abelhas, atividades fora do assentamento, entre outras fontes. Outras fontes se referem a transferências governamentais, como pagamento de pensões, subsídios, entre outros apoios.
A figura 1 mostra o gráfico de frequência do IDS. Grande parte dos produtores é completamente especializada (IDS = 0), enquanto o restante está acima de 0, mas abaixo de 1. Em média, produtores apresentam um IDS de 0.44. Das famílias especializadas, a maioria produz leite (109 fazendas) e gado (49 fazendas)
Mil duzentos e sessenta e sete produtores também responderam à pergunta: “Considerando uma escala de 0 a 10, onde você se colocaria com relação à sua disposição para correr riscos em geral? Nessa escala, 0 significa que você ‘não está disposto’ e 10 significa que você ‘está muito disposto a correr riscos’.” A média das respostas foi 3.24, o que significa que, em geral, os produtores não estão muito dispostos a correr riscos. Quase 500 dos entrevistados responderam que não estão dispostos a correr qualquer risco (reposta = 0).
A figura 2 mostra a distribuição das respostas sobre disposição em correr riscos para diferentes níveis escolares. As categorias para os níveis escolares são: 0 (sem escolaridade), 1 (de 1 a 3 anos de escolaridade), 2 (de 4 a 6 anos de escolaridade), 3 (de 7 a 9 anos de escolaridade), 4 (de 10 a 12 anos de escolaridade) e 5 (de 13 a 14 anos de escolaridade). Pesquisas sobre preferências com relação a níveis de riscos e escolaridade mostram que pessoas com menos anos na escola, em geral, estão mais dispostas a correr riscos do que pessoas com mais anos na escola. Em contraste com a literatura atual, esse estudo mostra que a disposição para correr riscos aumenta no caso de pessoas com mais de 6 anos de escolaridade.
A figura 3 mostra a distribuição das respostas sobre disposição em correr riscos por nível de diversificação das fontes de renda. Como explicamos antes, a categoria 0 inclui produtores que são completamente especializados. As categorias de 1 a 3 se referem aos produtores que diversificam sua renda em diferentes proporções. Resultados mostram que produtores completamente especializados estão menos dispostos a correr riscos que a média amostral (3.24). A categoria 1 indica que produtores que diversificam estão mais dispostos a assumir riscos que produtores em outras categorias. As categorias 2 e 3 apontam que os produtores que mais diversificam também são os que estão menos dispostos a correr riscos em comparação a outras categorias. Resultados referentes aos produtores especializados contrastam com a literatura atual. Pesquisas futuras vão focar em análises de regressão com o intuito de identificar se existe uma relação estatisticamente positiva entre atitudes de risco e nível de diversificação para esses produtores rurais em Rondônia.
Para mais informação sobre essa pesquisa, entre em contato com Brenna Swinger: brennaswinger23@gmail.com
Brenna é aluna do Mestrado em Economia da Universidade de Montana, EUA. Ela está interessada em entender como as pessoas tomam decisões e como fatores normalmente difíceis de se observar desempenham um papel importante no processo de tomada de decisão. Ela é bolsista do BRIDGES, programa financiado pela Fundação Nacional de Ciências, e estuda as diversas conexões entre alimento, água e energia.
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